Caetés - Graciliano Ramos

Caetés - Graciliano Ramos

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Na obra de Graciliano Ramos Caetés dá a impressão, quanto ao estilo e quanto à análise, de deliberado preâmbulo. Publicado em pleno surto nordestino (1933), contrasta com os livros talentosos e apressados de então pelo cuidado da escrita e o equilíbrio do plano. Dá a idéia de temporão, de livro nascido aos dez meses, espiritualmente vinculado ao galho já sediço do pós-naturalismo, cujo medíocre fastígio foi depois de Machado de Assis e antes de 1930. Nêle, vemos aplicadas as melhores receitas da ficção realista tradicional, quer na estrutura literária, quer na concepção da vida. A atmosfera geral do livro se liga à lição pós-naturalista, onde encontramos a celebração dos aspectos mais banais e intencionalmente anti-heróico do quotidiano, correndo parelha com certo pudor de engatilhar aquêles dramas convulsos em que tanto se comprouveram os fogosos naturalistas da primeira geração. Caetés é rebento dessa concepção de romance, minudente e algo elástica. A intenção do autor parece ter sido horizontalizar ao máximo a vida dos personagens, as relações que mantém uns com os outros. Exeto o narrador, João Valério, os demais são delineados por meio de aspectos exteriores, em que se vão progressivamente revelando. O autor não apenas procura conhecê-los através do comportamento, como se revela amador pitoresco da morfologia corporal, definindo-lhes o modo de ser em ligação estreita às características somáticas: fisionomia, tiques, mãos, papada de um, olho esbugalhado de outro, barbicha de um terceiro. Apresenta-os por esta adição de pequenos sinais externos, completando-a aos poucos no decorrer do livro, não sem alguma confusão. E assim vemos de que modo a minúcia descritiva do naturalismo colide neste livro com uma qualidade que se tornará clara nas obras posteriores: a discrição e a tendência à elipse psicológica, cujo correlativo formal é a contensão e a síntese do estilo.

Inclui ensaio introdutório de António Cândido: Ficção e Confissão.

Detalhes do livro:
Editora: Livraria Martins Ed., 1961; med.: 14,1 x 21,2 cm; 267 pg.
Estado: Bom
Etiquetas: Literatura

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