Graciliano Ramos - Angústia

Graciliano Ramos - Angústia

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«O que não posso é continuar a esconder-me de Moisés diz este parente colateral e brasileiro de Raskolnikov. «Escondo-me, estive algumas semanas sem ir ao café, com receio de ver o judeu. Tudo questão de miséria, dívidas e o peso de uma consciência clandestina que não encontra isolamento bastante em si própria, nos seus fantasmas e recordações a infância, o avô, que trouxe até à velhice decadente um nome de epopeia (Trajano Pereira de Aquino Cavalcante e Silva), e o pai, que tinha o corpo a apodrecer no cemitério e a alma dividida entre a ronda nocturna da casa de prateleiras vazias e o Purgatório. Nem as reminiscências lhe aquietam a angústia: «Entro no quarto, procuro um refúgio no passado. Mas não me posso esconder inteiramente nele. Porquê? Ele o confessa: «Não sou o que era naquele tempo. Falta--me tranquilidade, falta-me inocência, estou feito um molambo que a cidade puiu de mais e sujou. Agora tem olhos para assistir miudamente, segundo a segundo, à sua própria humilhação, num gota-a-gota que lhe enche os dias. Burocrata por ofício, sonhador exaustivo por compensação, índole e refúgio. Em ambos os casos, longe da vida, que é quase paisagem apenas. A falta de inocência, arquivada «naquele tempo de pai, avô, servos feudais e escravos, vem-lhe da espertina da lucidez com que irrita a sua miséria em diálogos subterrâneos. A traição de Marina veio acordar todos os seus complexos: «A camisa sobe constantemente, não há meio de conservá-la estirada. Também não é possível manter a espinha direita. O diabo tomba para a frente, e lá vou marchando como se fosse encostar as mãos no chão. Levanto-me. Sou um bípede, é preciso ter a dignidade dos bípedes. Este humilhado e ofendido que não tem força para criar um destino numa sociedade mesquinha e desmedida para si, acabará por «vingar-se, assassinando um símbolo do seu «temor e tremor e angústia. Eis, na fatal amputação de um resumo, o tema deste grande romance de Graciliano Ramos, uma obra-prima de rigor e de análise psicológica que não foi até hoje igualada na literatura de língua portuguesa.

Detalhes do livro:
Tradução: Portugália, 1962
Medidas: 13,3 x 19,2 cm
Peso: 265.00
Páginas: 265
Estado: Bom
Etiquetas: Literatura

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