"As Andorinhas Não Têm Restaurante" de Alexandre O' Neill - 1ª Edição de 1970

"As Andorinhas Não Têm Restaurante" de Alexandre O' Neill - 1ª Edição de 1970

"As Andorinhas Não Têm Restaurante"
de Alexandre O' Neill

1ª Edição de 1970
Publicações Dom Quixote
Coleção Cadernos de Literatura Nº 7
90 Páginas

O CAFÉ

É difícil respeitar os mortos quando eles estão, positivamente, à mão de semear. Como este.
Vamos olhando para ele de soslaio e falamos baixo. Ora! O que temos é medo do dizque-dizque da vizinhança, ou não fôssemos uma decorosa família.
A mãe está na cozinha, a fazer café. Cantarola, mãe, cantarola! Manda a vizinhança meter-se na vida dos outros (somos quatro inquilinos por piso, que diabo!). Cantarola, mãe, cantarola que é o teu primeiro café de mulher livre!
A mãe não cantarola, antes soluça. De espaço a espaço, um ganido discreto mas o café está excelente, está forte, está CAFÉ! Pela primeira vez bebe-se café nesta casa!
Mãe! Não era ele que estava sempre a dizer que o café o matava?

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a Formação de Adultos, como sugestão de leitura.

Alexandre O'Neill não se pode considerar verdadeiramente um contista, embora alguns dos textos que publicou como crónicas, pela sua estrutura, pela história, pelos personagens, possam ser consideradas ficções curtas que bem se podem integrar neste género.
Aqui, como no resto da sua prosa, revelam-se características do seu humor irreverente, temperado pela auto-ironia, e uma certa ternura pelos personagens que evoca num estilo feito de frases quase lapidares, que em muitos casos entraram na língua, a lembrar por vezes o slogan publicitário, em que, aliás, era mestre.

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Poeta português, Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões nasceu a 19 de dezembro de 1924, em Lisboa, e morreu a 21 de agosto de 1986, na mesma cidade. Para além de se ter dedicado à poesia, Alexandre O'Neill exerceu a atividade profissional de técnico publicitário, forjando alguns dos mais conhecidos slogans portugueses. Um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa, desvinculou-se do grupo a partir de Tempo de Fantasmas (1951), embora a sua passagem pelo grupo marque indelevelmente a sua postura estética, conservando algumas características do movimento na sua poesia, por exemplo, o tom mordaz e em certo sentido absurdista na maneira de analisar o mundo. Um amante do jazz, do cinema e do teatro modernos, O Neill fez ainda várias traduções, escreveu guiões para cinema e manteve algumas colunas de jornal durante vários anos. Da sua obra destacam-se as obras No Reino da Dinamarca (1958), Feira Cabisbaixa (1965) ou a reunião de contos e crónicas em Uma Coisa em Forma de Assim (1980).

ESGOTADO NAS LIVRARIAS E RARO NESTA 1ª EDIÇÃO

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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