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Anotações: Entrevista com Jean Duflot

Título: As Últimas Palavras do Herege - Pier Paolo Pasolin
Tradução: Luiz Nazário
Edição: Editora Brasiliense
Páginas: 238

Hoje, como há pouco, um odor de enxofre e de fogueira acompanha o nome de Pasolini. Louvado como escritor em seu país, aclamado como cineasta no mundo inteiro, denunciado por suas ideias anárquicas e seus costumes, perseguido pela polícia, levado às barras dos tribunais e finalmente assassinado numa praia perto de Roma, Pasolini foi tanto por sua vida quanto por sua obra pública, o objeto de um escândalo ininterrupto.

Nestas entrevistas, o autor de Medéia, de Teorema e de Salò, explica o sentido da sua obra, de seu estilo, de sua existência. As Últimas Palavras do Herege - em particular as três longas entrevistas dadas alguns meses antes da sua morte trágica - constituem seu testamento espiritual e político.

Excerto:

O futuro não está privado de história, ao que eu saiba. Se a finalidade possível de nossa história é a industrialização planetária, isto não quer dizer que o futuro do homem se desenvolve mecanicamente. O futuro é previsível, a história, não. Ou seja, os sociólogos podem prever um monte de coisas: as formas das residências, a quantidade de botões de calções que serão fabricados na Alemanha, o número de crianças que nascerão albinas, talvez... Mas a fluidez histórica do futuro sempre lhes escapará. Ela não é exprimível.

Custo Justo/O