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«Os ideólogos ocidentais servem-se hoje da China maoista como os filósofos do século XVIII se serviam da China confuciana. É um mito, uma projecção abstracta e ideal, uma utopia que permite denunciar tudo o que está mal no Ocidente e fazer justamente o contrário, economizando o trabalho de pensar por si próprio.
Esta cega admiração por tudo o que se faz ou não faz na China Popular, sem qualquer esforço de exame crítico, será verdadeiramente o melhor serviço que se pode prestar a um despotismo que já tem grande tendência para acreditar na sua própria infalibilidade?

Poderá dizer-se que Sombras Chinesas é o fruto das sete viagens que o autor fez à China durante os últimos anos do governo de Mao Tsé-Tung.
Com este seu livro, Simon Leys procura não só denunciar o sistema totalitário da China maoista, como também demonstrar quão diferentes são as visitas à China feitas por um visitante conhecedor da língua chinesa ou, por outro lado, por alguém que a não conheça. Só na primeira hipótese se terá a possibilidade de avaliar quão falseadas são as visitas, amavelmente teleguiadas pelos «guias oficiais, com que os visitantes são contemplados.
Para o autor, a China dita «oficial e a do povo chinês encontram-se em total oposição. Para os primeiros, a China é um poderosíssimo país, onde todos vivem bem, onde o progresso é a realidade quotidiana, onde se processou uma revolução cultural que conduziu o país e o povo ao comunismo. Para os segundos, esclarece ainda Leys, a vida está cada vez mais difícil, passa entre o povo um grande descontentamento e a luta de classes está-se a reacender.
Enfim, Sombras Chinesas aborda uma China misteriosa. uma China sempre enigmática.

Detalhes do livro:
Editora: Bertrand, 1977
Tradução: J.N. Valente Pires
Medidas: 16 x 21,1 cm
Peso: 395.00
Páginas: 268
Estado: Bom