"Crónica de D. Fernando" de Fernão Lopes - 1ª Edição de 1966

"Crónica de D. Fernando" de Fernão Lopes - 1ª Edição de 1966

"Crónica de D. Fernando"
de Fernão Lopes

Introdução do Professor Salvador Dias Arnaut

1ª Edição de 1966
Livraria Civilização Editora
Coleção Biblioteca Histórica de Portugal e Brasil
528 Páginas

A Crónica de D. Fernando é um registo histórico de tipo crónica escrita por Fernão Lopes abarcando o período de tempo correspondente ao reinado de D. Fernando, de cognome o Formoso ou o Inconstante, reinado que decorreu entre 1367-1383.

A Crónica de D. Fernando deve ter sido escrita, ao menos parcialmente, entre 1436 e 1443. A sua redação muito provavelmente seguiu-se à da Crónica de D. Pedro, e esta, acaso, às das sete Crónicas dos reinados anteriores, mais a do Conde D. Henrique.

Os temas principais do reinado de D. Fernando e bem assim da Crónica de D. Fernando são as Guerras Fernandinas com o reino de Castela, a Sucessão, o Grande Cisma do Ocidente e o conflito entre a Nobreza e a Burguesia em ascensão.

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São escassos os dados biográficos conhecidos sobre Fernão Lopes. Os testemunhos documentais de que dispomos informam, sobretudo, sobre os cargos que ocupou ao serviço dos primeiros reis da dinastia de Avis. Por certidões de 1418, sabe-se que exercia as funções de "guardador das escrituras do Tombo" e "escrivão dos livros" de D. João I e D. Duarte. Foi "escrivão da puridade" do infante D. Fernando, a partir de 1422, e, em 1437, lavrou o testamento do infante martirizado em Tânger, já como "tabelião geral" do reino. Em 1457, D. Afonso V substituiu-o nas suas funções por Gomes Eanes de Zurara, sendo de 1459 a última notícia relativa à sua vida. Enquanto cronista oficial sob as cortes de D. João I, D. Duarte e regência de D. Pedro, redigiu as crónicas de D. Pedro, D. Fernando e D. João I. As suas funções simultâneas como guardador das escrituras e cronista-mor do reino acabam por favorecer o seu legado como historiador, visto que a composição das crónicas dependeu do conhecimento e seleção do material a que tinha acesso.
Data de 1434, segundo Damião de Góis, a sua investidura por D. Duarte do cargo de cronista do reino, ao ser-lhe confiada a missão de colocar em crónica "as estórias dos reis que antigamente em Portugal foram", bem como os "grandes feitos e altos do mui virtuoso" rei D. João I, seu pai. Desta crónica geral, além do testemunho do seu sucessor, não havia nenhum vestígio até serem encontrados os manuscritos da Crónica de Portugal de 1419, que têm sido considerados de sua autoria. Com efeito, as alusões de Fernão Lopes, nas suas crónicas, a textos anteriores sobre os primeiros reis, assim como o conteúdo e circunstâncias de composição destes manuscritos, parecem corresponder a esse projeto historiográfico mais amplo de que fora incumbido o cronista. Mas é acima de tudo pelas crónicas de D. Pedro, de D. Fernando e de D. João I (que chegaram até nós por apógrafos do século XVI) que o talento e excecionalidade como historiador e como escritor, relativamente aos cronistas medievais, se afirmou. Não se trata para o cronista de refundir textos historiográficos anteriores, mas de elaborar em novos moldes a narração do devir histórico, individualizando os protagonistas na sua compleição psicológica denunciada em ato, encenando os episódios históricos no mesmo momento da sua ocorrência, emprestando tanto quanto possível verosimilhança ao encadeamento dos factos.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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