"O Muro Branco" de Alves Redol - 1ª Edição de 1966

"O Muro Branco" de Alves Redol - 1ª Edição de 1966

"O Muro Branco"
de Alves Redol

1ª Edição de 1966
Publicações Europa-América
Coleção Obras de Alves Redol
334 Páginas

Romance de plena maturidade literária, pois, O Muro Branco ainda se lê e relê com o mesmo entusiasmo de há trinta anos, não só pelo sentido de «modernidade» expresso no seu tempo narrativo, mas sobretudo pela forma literária, sobreposta e encadeada nos planos diferentes da acção narrativa em que o romance se estrutura. A sua personagem central, Zé Miguel ou Miguel Rico, como passa a ser conhecido, fala e narra a sua própria história da vida de um aventureiro que, tendo vivido uma infância amargurada e após ter sido eguariço, carregador, contrabandista, candongueiro, chega a ser proprietário rural, isto é, um latifundiário que, em dados aspectos, muito se identifica com o celebrado Diogo Relvas de Barranco de Cegos. Assim, toda a história de Miguel Rico é contada num ritmo alternado, de clara visão cinematográfica, visualizada num processo romanesco bem conseguido na interligação dos seus elementos estruturais, em que o passado se confunde claramente com o presente. Mas O Muro Branco é, acima de tudo, o romance de um «homem só», cuja vida foi uma grande aventura na senda do dinheiro e do poder pessoal, na conquista palmo a palmo, e por todos os meios possíveis (claro, ontem e hoje sempre as histórias se repetem), fossem eles de contrabando forçado, compadrio ou escuras manigâncias. E é o romance de um homem isolado, porque de forma consciente ele caminha para a sua destruição e destruição dos mitos que a própria vida o obriga a ter ou criar. Porém, o desespero dramático de Miguel Rico reflecte, por outro lado, uma época de grandes egoísmos, situações quase desnecessárias e ambições desmedidas, ergue-se ainda (e daí a sua flagrante actualidade) como símbolo decadente de uma sociedade ou de certas pessoas que, tal como Miguel Rico, se sentem bem realizadas apenas no convívio com fidalgos, industriais, doutores, lavradores, banqueiros e outra gente que, mesmo nos nossos dias, por aí pulula e só deseja ver a fotografia nos jornais. No bem e no mal dos seus actos, na forma «digna» de enriquecerem depressa e serem, paradigmaticamente, a imagem próxima de Miguel Rico que Alves Redol, na pujança da sua escrita, desejou e conseguiu retratar.
Serafim Ferreira

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Escritor português, natural de Vila Franca de Xira, António Alves Redol nasceu a 29 de dezembro de 1911 e faleceu 29 de novembro de 1969. Figura central do Neorrealismo português, foi autor de uma vasta obra ficcional, que inclui o teatro e o conto.
Filho de um pequeno comerciante ribatejano, obteve um curso comercial e, cedo, teve de se iniciar no mundo do trabalho. Ainda jovem, partiu para Angola à procura de melhores condições de trabalho, mas lá conheceu a pobreza e o desemprego. De regresso a Portugal, à capital, desenvolveu várias atividades profissionais e enveredou nos meandros da oposição ao Estado Novo ingressando no Partido Comunista. De início, tornou-se colaborador do jornal O Diabo, mas a sua veia literária acabaria por se manifestar em 1939. Empenhado na luta de resistência ao regime salazarista, compreendeu a literatura como forma de intervenção social e, nesse mesmo ano, surgiu o seu primeiro romance, Gaibéus, cujo assunto, relacionado com problemas sócio-económicos vividos pelos ceifeiros, fez desta obra o marco do aparecimento do Neorrealismo.

ESGOTADO NESTA 1ª EDIÇÃO

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Etiquetas: Literatura

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