"RAKHIL" de Isabelle Eberhardt - 1ª Edição de 2018


Especificações


Descrição

"RAKHIL"
de Isabelle Eberhardt

Tradução e apresentação de Aníbal Fernandes

1ª Edição de 2018
SISTEMA SOLAR
156 Páginas

Rakhil e o seu anjo eréctil.
A sensualidade islâmica de Isabelle Eberhardt.

O leitor de Rakhil encontrará na sua história dois muçulmanos, severos observadores dos ensinamentos do Corão mas capazes, ainda assim [...] de ignorar que nunca há nas suas palavras qualquer sentença que prescreva a clausura das mulheres e o seu difícil acesso à cultura; capazes também de punir a infidelidade feminina com a morte. E encontrará, sobretudo, o «muçulmano transviado», de comportamento sexual dissoluto e atribuído na sua essência a leituras filosóficas «perversas», incutidas pelo seu contacto com a civilização ocidental.
Ao serviço destas esquemáticas verdades, a história imaginada pela autora salta dos seus trilhos e carrega-se de bem mais curiosas sombras. Rakhil, a prostituta judia de poucas letras e rendida ao seus próprios encantos, só conhece o amor físico e cheio de competência profissional, mas sofre um dia a nefasta revelação do verdadeiro amor; Mahmud, o árabe culto impregnado pelos vícios mentais e físicos que a autora atribui a más leituras e a más vivências parisienses, preenche o vazio da sua existência pervertida com a busca de um sublime e nunca saciado prazer sexual.
Este predador do sexo lembra-nos na sua insatisfação Casanova. As mulheres são derrotadas na sua resistência pelo Poder do Sedutor, por uma força indefinível e turva que lhe anuncia a qualidade sexual e, como um diapasão, faz o sexo oposto vibrar sob um magnetismo supremo, tão irresistível como o que leva a borboleta a bater as suas asas aos raios benfazejos do sol. Mahmud entra com esta perigosa vantagem erótica numa história pouco previsível em lares árabes severos, com mulheres ociosas e sem mais território do que uma eterna penumbra defendida por cortinas.
Mahmud chega a ter relações sexuais simultâneas com três mulheres da casa do seu pai, receptivas a esta excitante novidade física que as distrai da sua clausura, uma delas sua cunhada, supremo desacato que estremece tudo o que poderíamos esperar de uma história passada num lar árabe convencional. Mas não tardará que este formoso anjo de sexo eréctil sinta um tédio que volúpias caseiras não matam e se entregue às competências, reconhecidas sem esforço em toda a cidade, da profissional Rakhil.
Aníbal Fernandes

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Isabelle Eberhardt

«Em 21 de Outubro de 1904, Isabelle Eberhardt morreu soterrada e afogada sob uma onda do ued argelino de Aïn Sefra. Tinha vinte e sete anos de idade, era suíça, filha de pai incógnito; e a história deste vazio, que a restringiu a um único progenitor no seu registo de Genebra, desce romanescamente desde a Rússia czarista até à Europa Central.

Natalia Nicolaevna Eberhardt foi uma esposa incómoda para o general e senador Pavel Karlovich de Moerder, muito próximo de Nicolau II. O seu sangue judaico, tardiamente descoberto, lançava as bases de uma insanável desavença conjugal. Moerder sentia- se traído pela prolongada ignorância desta «impureza semita» introduzida na sua vida íntima e cuidadosamente iludida pela sua mulher. Mas tinha-a regularmente engravidado; e muito consciente da sua condição de pai russo bem colocado na vida e merecedor de respeito, evitara à educação desses filhos a promiscuidade de uma escola pública contratando Alexander Tropimovski, preceptor ucraniano, ex-pope ortodoxo, amigo de Bakunin, poliglota, e que surgia no seu lar acrescentado por uma bastante apreciável beleza física.

Natalia e Tropimovski construíram longe da corte russa, nos arredores de Genebra, um novo núcleo familiar visto de sobrolho franzido pelos bem comportados helvéticos; visto como assumido adultério e animado centro de convívio para intelectuais de esquerda e políticos expatriados.

E quando Isabelle nasceu [Genebra, Suiça, 17 de Fevereiro de 1877], concebida longe das obras do general russo, nem Moerder nem Tropimovski quiseram oferecer-lhe uma paternidade. Ao contrário de todos os seus irmãos, com um Moerder a respeitabilizar-lhes o nome, teve de contentar-se com o que havia no lado materno. Isabelle seria, para os registos oficiais e para a literatura, Isabelle Eberhardt.

Também havia que apagar dos seus nomes o mau travo europeu: Natalia Nicolaevna passou a ser Fatma Mannubia; e Isabelle Eberhardt, vestida à árabe, transformou- se no jovem ambíguo Mahmud Sadi.

Masculinamente vestida, Mahmud frequentava mesquitas e prostrava-se entre homens, com a cabeça a tocar no chão e voltada para Meca. Dormia com árabes encantados com o formoso rapaz que se despojava da gandurah e oferecia um corpo feminino ardente, com os atractivos equívocos da androginia.

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